Sobre o tecno-politiquês: políticos, urbanistas e antropo/sociólogos (e até jornalistas) vêm usando muito o anglicismo “gentrificação”. Como não sabia o que era fui-me informar. Percebi-a, é um biombo político. O processo a que se aplica é apenas social; já a vontade de o velar através do neologismo é tão reaccionária que até dói.
Em português diz-se exactamente (por etimologia e por semântica) “nobilitação” (enobrecimento, se se quiser). Mas se quisermos seguir a etimologia percebemos que poderemos dizer, por consciência histórica, “aburguesamento”. Os mais puristas poderão recuar até ao sânscrito e dizer “racialização”. Os menos ecuménicos poderão dizer “paganização”. Os mais poéticos poderão dizer “encantamento”, mas esta é uma deriva gaélica, zona muito dada a essas brumas, como se sabe.
E “gentrificação”? Dizem os do tecnocrês, do politiquês. Os que, com o termo, nos querem enganar. Ou, por outra, “aviltar” – exactamente o oposto da tal “nobilitação”.
Não há nada como a má disposição para se aprender a língua. E para perceber, sem ironia, que a sociedade tem que despedir os “intelectuais” que o Estado contrata para as enganar.
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